terça-feira, 23 de junho de 2009

O VENTO QUE MOVE O HOSPITAL DR JOÃO VIANA

INTERNAÇÃO (Ferreira Gullar, pai de dois filhos esquizofrênicos)

Ele entrava em surtoE o pai o levava decarro paraa clínicaali no Humaitá numa tarde atravessadade brisas e falou(depois de mesestrancado nofundo escuro desua alma)pai,o vento no rostoé sonho, sabia? Infelizmente, não temos o “sonho”, mas temos uma profunda noção de responsabilidade e um inquestionável respeito pelas dores do próximo, em especial aquele em momentâneo desequilíbrio psíquico, a quem tem-se oferecido não apenas o medicamento prescrito, mas o resgate da sua dignidade, enquanto criatura feita à imagem e semelhança do Pai e, por isso mesmo, predestinadamente fadada à luz e ao progresso. Talvez, muitos deles, sejam almas que caminham à nossa frente, buscando, na dificuldade transitória, o resgate de suas falhas do passado para, então, empreenderem o grande vôo que lhes garantirá a colheita da vida e a alegria do reencontro.Não tem sido fácil, mas, num esforço cotidiano para driblar nossas ainda insistentes imperfeições e limitações, temos buscado, no aprendizado do amor incondicional, a nossa melhor arma contra o desânimo, o pessimismo e a desesperança. Tem sido a noção do dever e do compromisso inadiável com as leis divinas, inscritas na consciência de cada um dos Seus Filhos, a nossa fonte permanente de renovação, de compromisso com a verdade e com a perfeita e transparente aplicação das verbas que nos são enviadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes.Tem sido desta forma, intransigente e rigorosa, a conduta da Liga Espírita de Campos, nos seus quase 79 anos, no cumprimento de uma das suas cinco missões, que é “manter em funcionamento o Hospital Abrigo Dr. João Viana para tratamento de doentes psiquiátricos”. Assim, para que não pairem dúvidas ou outro qualquer tipo de justificativa/desculpa para não nos pagar o Convênio, relativo aos meses de abril e maio, pedimos que esclareça toda a comunidade campista através do seu respeitável blog, sobre o abaixo relatado: Recebida verba no valor de R$ 300.000,00 referente a três meses (janeiro, fevereiro e março) na data de 28/04;Prestação de contas entregue em 29/05;Solicitação de pendências recebida em 22/05 e entregue em 05/06; Solicitação de pendências recebida em 16/06 e entregue em 23/06; Nota: estas pendências referem-se ao recebimento do convênio do mês de dezembro/2008; Recebido em 07/04 o valor de R$ 100.000.00;Prestação de contas em 15/05/09. Permita-me lembrá-los que o Convênio foi assinado para vigência até junho e que todos os membros da Diretoria da Liga Espírita de Campos não são remunerados, nem recebem qualquer tipo de benefício ou vantagem, mantenho a minha indignação e estranheza pela forma como temos sido tratados pelos responsáveis pela Saúde em nosso Município, fazendo-me as seguintes indagações: Até quando a burocracia vai se sobrepor ao tratamento do doente?O doente pode esperar, as contas não?(se fosse o caso de estarmos atrasados no cumprimento das exigências);Por que não pagar em dia como amplamente anunciado, deixando para promover a redução dos repasses caso as exigências não fossem cumpridas, nas parcelas posteriores?O que faz os Gestores do Município pensarem que estão isentos de necessitarem, um dia, direta ou indiretamente, desse tipo ou de outro serviço prestado pela rede municipal de hospitais, ou seja, de estarem no meio do furacão , vítimas do descaso e do caos que eles mesmos ajudaram a implantar, pois desconstruíram e não estão sabendo reconstruir... Tenho vergonha de olhar no olho dos internos, dos corpos médico e técnico, dos inúmeros funcionários, muitos deles pais e mães de família, pois eles já adivinham o que vou falar! E, aí, opto por pensar, pois talvez eles não consigam “adivinhar meu pensamento”!... Tristemente, penso em Bertold Brecht, quando diz: “Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada. Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada. Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.”

Que me desculpem, mas hoje ventou sul no meu rosto! Atenciosamente,Maria Cristina Torres Lima, pela Diretoria da LIGA ESPÍRITA DE CAMPOS, em 23 de junho de 2009

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